Durante toda minha
vida achei que fazia realmente o
certo, cuidar da família, criar os
filhos, abdicar de sonhos e
esperanças, era feliz enquanto tudo dava
certo, os sonhos sempre ficavam em
ultimo plano, mais mesmo assim continuava a vida, nem imaginava como tudo isso
era cômodo e que já fazia parte de uma
rotina do meu dia a dia, quando me
sentia vazia lia muito era uma fuga para os dias de turbulências, e assim
começava a saga da busca pelo meu “eu”. Nem tudo estava perdido porque era
assim na leitura que aprendi a ser tudo que hoje tenho como bagagem para me
alimentar, e assim continuar a viver, tentava muitas vezes me enganar fazendo
viagens para esquecer aquele mundinho
que pensava ser realmente ser o
certo, mas quando chegava ao retorno do
lar tudo voltava ao seu ritmo normal a
vida corria como um rio que segue o seu destino
sem retorno e sem passado, que cada vez ficava muito longínquos, e mesmo assim não desanimava e continuava a fazer
sempre o que achava ser o certo, sei que não falhei na educação dos meus filhos
e muito menos na minha própria
existência, procurava me
concentrar tudo em benefícios do outro e minha vida realmente nunca importava,
era uma verdadeira correria, tinha os
momentos de muitas alegrias e também os momentos de sofrimentos e reflexões, mas
nunca desistia e assim a vida corria,
quando pensei que tudo estava realmente normalizado vinha aquela
tempestade e o alivio nos tempos de bonança, o amor era concreto e forte e muitas vezes
regado de solidão e platonismo, mas sempre num caminho sem volta, muitas vezes pensava se devia prosseguir ou
desanimar, mas a alegria do sorriso e da
família reunida era para mim como um balsamo de cura na minha alma, sei que enfrentar as intempéries desse mundo tão idealizado e querido, um
sonho acalentado desde os dias de minha infância que era feliz e não sabia, mas
nunca pensei que tudo isso fosse ser como realmente idealizei, sim a pior parte dela foi a perda de um amor
que cuidava, cultivava e me alimentava
no meu ego falido e na negação de tudo que realmente pensava ser, como fui tola de pensar que tudo isso
realmente ia me levar a lugares de sonhos e pensamentos nutridos desde a minha
grande trajetória da minha vida, num futuro
promissor que além de tudo era muito
esperado, fazia planos e sempre na intenção de um dia poder reviver tudo o
que poderia ser para mim a minha
verdadeira identidade, mas não, rodei em círculos e a caminhada da vida sempre voltava na mesma
direção a minha família, que sempre foi tão importante pra mim, pensava que
tudo isso era a felicidade, como que uma
família pode ser feliz faltando um pedaço, filhos já crescidos e criados e um amor que desaparece como um
passe de mágica, abandona tudo e não pode mais retornar para que eu possa
sentir o acalento do afago da segurança que um dia me prometeu, me pergunto o
porque de tudo isso, porque as pessoas desaparecem sem pedir licença, e sem
dizer um único adeus, e fico na grande espera de um dia possa haver aquele
grande encontro na eternidade e tirar
todas essa dúvidas que ficam pairando no ar, o que fiz para merecer isso, a
vontade simplesmente de ser feliz? Não encontro a resposta e fico indignada ,
de como seria esse meu destino, de viver realmente só? O tempo passa a sensação
de ninho vazio a esperança de viver um mundo melhor com toda a liberdade dos
sonhos que idealizava todos os dias de minha vida, mas o tempo passa os sonhos ficam cada vez
menores, as escolhas cada vez mais escassas, e assim agarrar isso como uma
tabua de salvação para os últimos dias de minha vida, a oportunidade dos sonhos
estão ai bem na nossa frente, mas a esperança acaba e tudo isso parece uma
tremenda farsa do destino, e assim tudo que parecia ter importância acaba por
desmoronar e a busca de tudo o que tinha a maior importância acaba parecendo tudo
uma tremenda mentira, pra que correr tanto em busca de algo que nem imaginamos
o que pode ser, a alma fica pequena, a vida fica mais amena e sentimos uma
grande impotência de saber que não temos mais animo, que a luz se apaga e que
cada vez percebemos que falta pouco pra realizar aquilo que sempre tememos a
busca do próprio ser, que numa grande avaliação se percebe que a ironia do
destino nos deu uma grande rasteira, e assim fica pensando o que é prioritário
hoje na vida, se realmente vale a pena tudo o que fizemos através dos anos, se
o mundo hoje é cada vez mais individualista e que as pessoas não estão
preocupadas com a sua felicidade, e sim viver sua própria vida, e cai a ilusão
de ser “superior” em tudo e fica aquela laguna de onde se encontrar e de como
realizar a sua participação nesse mundo, mas pensamos que a vida é realmente
pra ser vivida e continuamos por obra desse destino que nos leva a lugares que
jamais imaginamos e que nos traz um pouco de dignidade, e assim percebemos uma
grande realidade de que tudo isso serve apenas para a lei da sobrevivência e só
assim sentimos que nem tudo está perdido e que se restar apenas um pequeno
sonho a ser realizado temos que agarrar com unhas e dente e seguir em frente,
mesmo sabendo que a realidade disso tudo se resume numa única frase: “ Enfim
Só”.
Marcielena Gonçalves de Sousa